Calor do ar condicionado aquece água em academia

Sistema é capaz de diminuir em 15% os gastos com energia elétrica, por dispensar parte do trabalho de aquecedores de água em piscinas e chuveiros


São Paulo - Ao reaproveitar o calor gerado pelo ar-condicionado a gás para aquecer a água, o empresário Toni Gandra conseguiu reduzir em 15% os gastos com energia e tornar realidade o apelo sustentável que é o mote da Ecofit, sua rede de academias de ginástica.


Há dez anos, quando foi criada, a proposta da Academia Ecofit Club era aliar a saúde de seus clientes a uma visão sustentável. "Contamos com aproveitamento de energia solar, energia fotovoltaica, móveis originados de madeira certificada, coleta seletiva e lâmpadas econômicas, além do fundamento transparente que empresas sustentáveis devem ter", afirma Gandra.

O sistema que aproveita o calor do ar condicionado completa esse quadro e foi instalado na unidade da rede na Aclimação, em São Paulo. Com ele, a academia reduz o uso de aquecedores na água da piscina e dos chuveiros. O sistema já existe há décadas no Japão, mas não é tão usado no Brasil.

Projetado pela Sanyo e hoje fabricado pela Panasonic, o aparelho utiliza gás natural e é capaz de aquecer até 30% do volume processado por um aquecedor com capacidade de circulação de três metros cúbicos por hora. Nos dias em que a demanda por água quente é menor, a economia de energia elétrica pode aumentar.

A água passa por um sistema de canos ao redor dos motores do ar-condicionado central. Há uma troca de calor entre o líquido e o ar quente que o aparelho gera naturalmente com o seu funcionamento [veja no gráfico acima]. "Normalmente, o calor gerado no ciclo frigorífico [do ar-condicionado] é lançado diretamente na atmosfera. Neste caso, é previsto no aparelho um 'trocador' dedicado para aproveitar o superaquecimento gerado no ciclo", explica.

Segundo a Comgás, concessionária de gás natural em São Paulo, a base de clientes que utilizam sistemas de ar condicionado com esse combustível cresceu 30% no ano, de janeiro a agosto. "Muitos hotéis, hospitais e shoppings têm buscado essa redução de custo com soluções a gás", diz José Eduardo Nunes, superintendente de vendas diretas e novas habitações da Comgás.

Nunes afirma que a instalação de ar-condicionado a gás também proporciona ganho de espaço. "Esses aparelhos diminuem a necessidade de geradores, que são grandes e ocupam muito espaço. A manutenção custa o mesmo e tem o mesmo serviço que o de aparelhos comuns elétricos", diz.

O custo de um ar-condicionado elétrico (modelo Chiller EE) com carga térmica de mil toneladas de refrigeração (TR), equivalente a um ano de uso, é de R$ 273,9 mil, considerando a tarifa de energia no período e o custo com manutenção. A versão a gás (Chiller ABS) tem custo anual de R$ 231,9 mil.

A Panasonic relata aumento na demanda. "Com a crise e o preço da energia elevado, a procura aumentou 200% de um ano para cá", diz Cristiano Maeda, gerente de produtos.

Fonte: DCI