Quando assumiu o cargo de síndica há cinco anos do Condomínio
Edifício The Point, em Moema, área nobre da zona Sul de São Paulo, a
administradora Rosa Braghin arregaçou as mangas e fez um checklist de
todos os sistemas e acabamentos que demandavam reparos e modernização.
Não era pouca coisa: na cobertura, por exemplo, havia necessidade de
troca da piscina, reconstrução do solário e impermeabilização, entre
outros. Também houve necessidade de intervenções no térreo, nas garagens
e nos dois elevadores.
Afinal, o condomínio de torre única e com unidades de um dormitório
completa 20 anos em 2014. Seu padrão de acabamento estava destoando dos
demais edifícios da região e exigia renovação, justifica Rosa. Na parte
dos elevadores, as mudanças foram drásticas, mas ainda não concluídas.
Foi repaginada a casa de máquinas; trocados cabos, polias e freios; e
modernizada a cabina. Esta recebeu revestimento em inox e espelhos nas
paredes e teto, nova iluminação, ventiladores, interfone, câmeras e um
padrão de piso semelhante ao do hall.
No lado de fora, eles foram valorizados com a instalação de batentes
em granito em torno de suas portas, combinando com a superfície.
Faltaram as botoeiras, comenta a síndica, lembrando que essa é uma parte
mais onerosa e que pretende substituí-las pelas digitais. Já o motor da
casa de máquinas apresenta vazamento, que deverá ser consertado. Mas
todo esse trabalho não tem apenas finalidade estética. A síndica quer
diminuir o número de chamadas técnicas para conserto, algo que se
tornara uma constante.
ADEQUAÇÃO ÀS NORMAS
O fato é que desde 2008 os elevadores dispõem de uma nova norma
técnica da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a 15.597,
que traz regras para a melhoria dos sistemas de segurança e da
eficiência no transporte de passageiros, aponta a consultora da área,
Olga Antunes. Por isso, “a grande importância da modernização”, que
implica ainda na instalação “de sistemas atualizados e de comandos que
possibilitam respostas rápidas para diagnóstico de defeito e agilidade
do conserto”, diz.
A consultora destaca que “os comandos eletrônicos atuais são capazes
de informar o código do defeito até mesmo nos displays dos pavimentos,
agilizando o atendimento do técnico”. Eles disponibilizam aos próprios
usuários acesso às informações básicas (via os displays nos andares e
cabinas), que orientam sobre “onde o elevador encontra-se e o seu
sentido de transporte (decida ou subida)”. Finalmente, esses comandos
modernos, “com sistema VVVF (inversores), possibilitam paradas nos
andares sem degraus, precisas, e aumentam a vida útil dos componentes
mecânicos das máquinas de tração”.
Outra vantagem da modernização, prossegue Olga, é o atendimento às
normas de acessibilidade. Por exemplo, os novos equipamentos emitem
sinais sonoros para indicar se o elevador está subindo, descendo ou
parando; disponibilizam o recurso do “voicer”, “que através de uma voz
gravada informa ao usuário em que andar o elevador parou e seu sentido
(descida ou subida)”; e disparam mensagens de alerta aos passageiros que
eventualmente retêm os elevadores nos andares. “Neste caso, além da voz
na cabina, em todos os demais andares aparecerá no display digital o
sinal ‘PA’ (de porta aberta) e o número do andar.” Existem ainda opções
de displays em LCD para as cabinas e pavimentos, “com mais informações
gráficas e um design mais tecnológico”; e senhas de acesso aos
elevadores e/ou aos andares.
POR QUE E ONDE MODERNIZAR?
Com auxílio do técnico Bruno Gonçalves, Olga Antunes preparou uma
espécie de guia para a modernização, envolvendo motores, polias, freios,
comandos e cabina, considerando as características técnicas e a idade
de cada equipamento. São intervenções pautadas “na busca da eficiência
de desempenho, maior segurança, conforto aos usuários e economia”,
esclarecem Olga e Bruno, dizendo que as medidas podem levar a uma
redução de 40% no consumo de energia. Os demais benefícios são:
• Equipamento mais confiável e seguro;
• Nivelamento preciso da cabina com relação ao pavimento;
• Comandos com sistema de atendimento de chamada inteligente;
• A chamada inteligente evita o desgaste prematuro de peças e diminui o tempo de espera do usuário.
Elevadores com mais de 40 anos
Principal característica técnica
- Comandos a relê e muitas peças que não possuem fabricação de série (só por encomenda ou recuperadas);
- Fiações envelhecidas sem isolação adequada;
- Elevadores que se utilizam de geradores de corrente contínua;
- Freio obsoleto;
- Máquinas de tração robustas e superdimensionadas, que podem ser mantidas na modernização técnica;
- Inadequação à NBR NM 207/99.
Ocorrências mais comuns
- Alto índice de desgaste;
- Peças de reposição fora de linha ou com tempo elevado de confecção;
- Maior tempo para diagnóstico de defeitos;
- Elevado índice de paradas.
Onde modernizar
- Modernização técnica total;
- Modernização estética. Obs.: esta modernização precisa ser avaliada
de forma a não comprometer a técnica. Normalmente é necessário, ao fim
do processo, realizar o balanceamento entre cabina e contrapeso, por
eventual peso extra acrescido à cabina, como aço inox, piso em granito,
espelho e novo subteto;
- Substituição dos comandos, fiação fixa e móvel, dos limites de
segurança, do sistema de seletor e operadores de porta de cabina;
- Necessários novos equipamentos para atendimento às normas, como as botoeiras de cabina e pavimentos.
Elevadores entre 20 e 40 anos
Principal característica técnica
- Comandos a rele, de máquinas com geradores de corrente contínua e alternada;
- Muitas peças não possuem fabricação de série (só por encomenda ou recuperadas);
- Sistema de seletor com inovações mecânicas, porém frágeis;
- Sistema de informações nos andares com lâmpadas, aumentando o consumo de energia elétrica;
- Máquinas de tração robustas e superdimensionadas, que podem ser mantidas na modernização técnica;
- Inadequação à NBR NM 207/99.
Ocorrências mais comuns
- Alto índice de desgaste;
- Peças de reposição fora de linha ou com tempo elevado de confecção;
- Maior tempo para diagnóstico de defeitos;
- Elevado índice de paradas.
Onde modernizar
- Modernização técnica total;
- Modernização estética. Obs.: esta modernização precisa ser avaliada
de forma a não comprometer a técnica. Normalmente é necessário, ao fim
do processo, realizar o balanceamento entre cabina e contrapeso, por
eventual peso extra acrescido à cabina, como aço inox, piso em granito,
espelho e novo subteto;
- Substituição dos comandos, fiação fixa e móvel, dos limites de
segurança, do sistema de seletor e operadores de porta de cabina;
- Necessários novos equipamentos para atendimento às normas, como as botoeiras de cabina e pavimentos.
Elevadores entre 10 e 20 anos
Principal característica técnica
- Comandos a rele e eletrônicos (muitas vezes mistos);
- Pequena evolução dos quadros de comando, porém, com equipamentos
muito complexos e de difícil manutenção. Muitas montadoras importaram
estes equipamentos que rapidamente saíram de linha de produção. Isso
traz grandes transtornos aos usuários pelo tempo necessário para o
conserto e substituição de peças;
- Máquinas de tração robustas, porém, em alguns casos o dimensionamento fica a desejar.
Obs.: Alguns elevadores acima de 15 anos não atendem a todas as normas.
Ocorrências mais comuns
- Alto índice de desgaste, principalmente dos componentes importados;
- Necessidade constante de peças de reposição;
- Tempo elevado para diagnóstico de defeitos;
- Elevado índice de paradas.
Onde modernizar
- Modernização técnica total;
- Substituição dos comandos, fiação fixa e móvel, dos limites de
segurança, do sistema de seletor e operadores de porta de cabina;
- Necessários novos equipamentos para atendimento às normas, como as botoeiras de cabina e pavimentos.
Obs.: Em alguns casos, os operadores de porta podem ser mantidos.
Elevadores com menos de 10 anos
Principal característica técnica
- Comandos microprocessados. Porém, alguns deles possuem senhas no
acesso à manutenção e componentes importados com reserva de mercado;
- Surgimento de elevadores sem casa de máquinas e com alteração no sistema de tração;
- Atendimento às normas vigentes.
Ocorrências mais comuns
- Os elevadores possuem peças de reposição no mercado e o diagnóstico
de defeitos pode ser feito por unidades remotas de monitoramento;
-Porém, quando montados com equipamentos importados ou com senhas, a manutenção é exclusiva ao montador.
Onde modernizar
- Nestes casos, a modernização técnica é viável para a substituição
de comandos importados pelos nacionais ou para casos de defeitos
constantes.
Obs.: Equipamentos importados têm custo elevado em relação às peças de substituição.
Fontes: Olga Antunes e Bruno Gonçalves
Matéria publicada na
edição - 188 de mar/2014 da Revista Direcional Condomínios