A Semana Mundial da Alergia 2015 encerrou no último dia 19 e teve como foco a doença. Médicos afirmam que metade da população terá algum tipo de alergia daqui a uns anos
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Semana Mundial da Alergia 2015, encerrada no último dia 19, a doença esteve no foco das atenções na imprensa nacional e internacional estes dias. Em matéria veiculada sobre o assunto no último episódio do programa Fantástico, veio a constatação: os médicos afirmam que metade da população terá algum tipo de alergia daqui a uns anos.
Qual o motivo de tantos casos? Estaríamos tomando cuidados de menos? Ou, do contrário, nos protegendo em excesso? Levamos estas questões a médicos alergologistas que trabalham na capital amazonense para entender o quadro sob uma ótica mais próxima de nossa realidade.
A alergia impressiona pelo fato de se apresentar nas mais diversas formas. O mesmo ácaro, por exemplo, pode causar rinite, dermatite, conjuntivite, asma, etc. Na quente e úmida Manaus, o que predomina é o mofo. Segundo Dr. Gilberto de Paula, que trabalha há 20 anos com alergias, este fungo se alastra fácil em nossa região e traz consequências sérias à saúde.
“A alergia tem características ambientais. Às vezes a pessoa sofre por não ter o diagnóstico certo. Aqui, você faz uma pergunta simples - se, por ventura, na casa da pessoa, existe infiltração. Quando a resposta é sim, você já sabe que é caso de alergia a fungos”, diz, complementando que existem três testes usados para identificar o problema: o prick test, o exame de sangue e o teste intradérmico. Ele frisa que, em geral, os dois primeiros são mais precisos para as alergias inalatórias e alimentares. Já o terceiro, um dos mais antigos, seria o mais indicado para alergias a fungos.
Dra. Rossilene Cruz, dermatologista e alergologista, aponta também as alergias causadas por picadas de inseto, urticárias e dermatite de contato como bem frequentes no Amazonas.
Aumento de casos
Dr. Gilberto de Paula explica que certas alergias podem resultar de uma predisposição genética. Em outros casos, podem aparecer na infância, sumir e apenas retornar quando o indivíduo passa dos 40 anos. “Isso é reflexo do desequilíbrio hormonal. Muitas vezes você consegue tratar fazendo o equilíbrio com pequenas doses de hormônios”, comenta o médico.
Outros motivos estão intimamente ligados a hábitos da vida moderna. Dra. Rossilene listou alguns destes: superproteção (crianças superprotegidas, que não brincam na rua e não entram em contato com bactérias estão mais suscetíveis a terem baixa imunidade); o constante confinamento em ambientes fechados com ar-condicionado (sem contato com o sol, o ambiente pode virar uma colônia de fungos) e a alimentação (uso abusivo de enlatados, embutidos e contato com produtos químicos, podem resultar em intolerância).
A mudança de alguns destes comportamentos pode ajudar bastante a frear o desenvolvimento da doença. O quanto antes vier a conscientização, melhor: segundo Dra. Rossilene, as mães devem buscar amamentar os filhos tanto quanto for possível, pois a prática ajuda a desenvolver anticorpos. Pelo mesmo motivo, quando maiorzinha, a criança deve brincar ao ar livre, ter contato com a terra, com bichos, com outras crianças.
“Quem não desenvolve a imunidade cedo, acaba ficando sensível a pequenas coisas”, diz a médica. E depois, ao longo da vida, algumas precauções já se tornam necessárias -como a preferência por alimentos não-industrializados, a limpeza dos ambientes e, em nosso caso, buscar pegar leve no uso do ar-condicionado.
Lidando com o problema
O psicólogo Diego Souza Aguiar sofre com intolerância e alergia à lactose desde pequeno e diz que lida bem com isso. O problema foi descoberto quando Aguiar - hoje com 26 anos - tinha apenas 8 meses de idade. Para conviver bem com o problema, ele conta que não toma mais medicamentos mas busca manter uma alimentação bem equilibrada. “Você aprende a conhecer o seu corpo e aprende a controlar. Acho que esse é a vantagem de ter o diagnóstico desde pequeno”, diz, evidenciando a importância dos testes para descobrir a doença.
Fonte: Jornal A Crítica